segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Começando meus contos



A casa de Onoratto




A casa de Onoratto é uma casa abandonada localizada na Avenida Ernesto Geisel, Amabaí, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Apesar de estar inabitável, a casa permanece linda. 

Até pouco tempo atrás, quem passava em frente à casa, mal reparava nela porque ela estava escondida no meio de um imenso matagal. Mas a prefeitura mandou limpar o terreno e cortar as árvores. 

Os portões de ferro estão sempre encostados para quem quiser visitar a casa. Ela parece pequena se vista de perto, mas surpreende se observada de mais perto. 

A porta dos fundos está quebrada, possibilitando assim a entrada na casa. O forro do telhado da sala caiu e ainda não foi removido. Não há andarilhos ou penetras que se atrevam a entrar na casa. 

Os vizinhos não gostam de falar sobre a casa e às vezes, costumam ser grossos se insistirem em saber quem é o dono daquela casa.
  
Eles não querem lembrar o que houve há muito tempo. Pois temem despertar o mal. A história dessa casa foi escrita com sangue.


Tudo começou quando Pedro Onoratto, sua esposa e seus dois filhos compraram a casa.
No começo, tudo ia bem. Até Analice Onoratto (a esposa de Pedro Onoratto) ficar grávida de um terceiro filho. O casal aguardou ansiosamente a chegada do bebê. 

Mas um dia, enquanto fazia a faxina, Analice subiu em cima do cercadinho da varanda para regar uma planta e por acidente, escorregou e caiu de bruços no chão. 

Ela sentiu uma dor horrível e percebeu que estava sangrando muito. Então, arrastou-se para dentro. Ela tentou ir até onde o telefone estava, mas sentia muita dor e caminhava com dificuldade.

Cada passo, lhe fazia dar um gemido de dor. Mas ela se forçou ao máximo porque não queria perder seu bebê. Quando finalmente pegou o telefone ligou para seu marido. 

Ele atendeu e ela só pode pedir ajuda antes de desmaiar. Pedro foi para a casa depressa. E a levou para o hospital. Mas Analice perdeu o bebê. Desde então, ela começou a perder o juízo e acreditar que a casa era amaldiçoada e que tinha matado o seu bebê. 


Analice também acordava no meio da noite com um choro de bebê. Que ela acreditava ser o seu bebê. E o procurava angustiada por toda a casa. O choro, ora vinha de um canto, ora de outro. Ora da sala, ora do quarto. 

Pedro começou a se preocupar com sua esposa e buscou ajuda. Mas nada mudou. Analice piorou. E com o tempo, deixou de tomar banho, de se pentear e ficava a maior parte do tempo sentada em uma cadeira de balanço na varanda, cantando incessantemente uma canção de ninar, que segundo ela, servia para acalmar o bebê (que só ela ouvia ou via) e assim, evitar que ele continuasse chorando.

Quando alguém se aproximava dela e tentava fazê-la se levantar e ir para dentro da casa, ela se tornava muito agressiva. Após um tempo, ela adquiriu dupla personalidade. Dizendo muitas vezes, que ela era Raquel (sua filha morta). Quando se dizia ser Raquel, Analice fazia  coisas ruins, machucava seus filhos com belicões, tapas e etc. E ameaçava devorá-los caso eles dissessem algo a seu pai. Mas Pedro percebeu que as crianças andavam deprimidas. Que não brincavam e que tinham medo da mãe. E encontrou hematomas em várias partes de seu corpo. 

Pedro decidiu dar um flagrante em sua esposa e fingiu ir para o trabalho e esperou até que ela começasse a judiar das crianças. Quando Pedro viu o que queria, brigou com sua esposa e a trancou dentro do quarto. Pedro decidiu abandonar sua esposa e ir embora com seus filhos. Ele então, começou a procurar uma nova casa, sem que Analice soubesse de nada. Mas Artur, o menininho acabou falando para a mãe sem querer, que iria embora com seu pai. 

Analice surtou e cavou um buraco nos fundos e enterrou os dois filhos ainda vivos. Quando Pedro voltou para a casa não encontrou as crianças. E nervoso, perguntou a Analice onde as crianças estavam. Ela disse rindo que as crianças estavam brincando de esconde-esconde. E foi procurá-las como se nada houvesse acontecido. 

Pedro chamou a policia e Analice foi levada para o hospício. Dois meses depois ela disse ao seu psiquiátra que precisava desenterrar seus filhos porque eles estavam com frio e com fome. O psiquiatra então, perguntou a ela onde as crianças estavam enterradas e Analice contou a onde elas estavam. 

Pedro foi ao hospício com uma arma escondida e deu um tiro na testa de Analice e depois um em sua boca. A casa então ficou abandonada. Os parentes da familia Onoratto levaram os móveis e esqueceram da casa. 

Alguns andarilhos que passaram a noite na casa, disseram terem ouvido o ranger de cadeira e choro de criança ou bebê. Se essa lenda é verdade ou não, não poderia dizer.

Quem sou eu